Andava por aí a ler as actualidades e deparei-me com esta notícia do Jornal de Notícias, na qual um professor de uma escola do Porto relatava as reacções dos alunos para com as aulas de substituição: "Não queremos, não queremos... É assim, levantam-se todos em motim e começam a gritar que não querem as aulas de substituição. Ninguém os controla dentro de uma sala. Os rapazes levantam-se e vão para a janela atirar beijos às raparigas que passam".
Este relato fez-me lembrar muitos episódios que ocorreram na escola onde leccionei no ano passado (secundária com 3º ciclo), em que as colegas com muito tempo de serviço, e habituadas a dar aulas apenas a alunos do ensino secundário, iam para as aulas de substituição a tremer, principalmente quando a substituição era ao nível do 3º ciclo. Muitas das vezes, o barulho, diria mesmo anarquia, dentro da sala de substituição era de tal ordem que os funcionários viam-se obrigados a intervir em auxílio do professor tendo que, por vezes, chamar algum membro do C. Executivo. Muitos colegas saíram destas aulas a chorar.
Este relato fez-me lembrar muitos episódios que ocorreram na escola onde leccionei no ano passado (secundária com 3º ciclo), em que as colegas com muito tempo de serviço, e habituadas a dar aulas apenas a alunos do ensino secundário, iam para as aulas de substituição a tremer, principalmente quando a substituição era ao nível do 3º ciclo. Muitas das vezes, o barulho, diria mesmo anarquia, dentro da sala de substituição era de tal ordem que os funcionários viam-se obrigados a intervir em auxílio do professor tendo que, por vezes, chamar algum membro do C. Executivo. Muitos colegas saíram destas aulas a chorar.
Penso que, desta forma, os nossos governantes vão contribuir, em grande, para a diminuição da qualidade de vida de um professor - a insanidade mental vai surgir muito mais cedo na vida de cada um e vai acontecer a um maior número de professores. As reformas serão, assim, antecipadas e com valores menores. Além disso, os números do desemprego vão diminuir, como é fácil perceber . Como vêem, só ganhos para o estado! É assim que se comanda o ministério, Sra D. Ministra! Com pulso de ferro!
É certo que, vivemos num país pequeno, muito pequeno, mas grande o suficiente para haver discrepâncias ao nível de educação, comportamento, valores e atitudes dos alunos. Acredito que haja escolas onde as aulas de substituição correm muito bem, mas acredito, também, que as escolas onde elas correm mal serão em número muito maior! São os professores dessas escolas que são incompetentes?! Que não querem trabalhar?!
Devo dizer que, na minha escola, as aulas de substituição acontecem a toda a hora e todos os dias. Sim, há sempre colegas a faltar! Temos uma sala, denominada sala de estudo, equipada com TV, vídeo e leitor de cassetes audio, onde os professores de substituição se encontram e esperam pelos alunos que têm furo. Sim, são os professores que esperam pelos alunos! Estes, sempre que um professor falta, encaminham-se para a sala de substituição (uns com mais vontade do que outros; outros ainda sem vontade nenhuma e que fazem a vida negra a quem lá está). Quanto aos planos de aula, provavelmente, muitos deles "levou-os o vento"... Enfim...
11 comentários:
Aulas de substituição acontecem com alguma frequência na minha escola. Já fui a duas. Não tive plano de aula, logo, não dei aula nenhuma. Os alunos não eram meus, as disciplinas não eram minhas, apenas me sentei e falei com os alunos que queriam falar comigo, os outros falaram entre eles. Tive sorte pois eram alunos respeitadores que não gostavam de aulas de substituição mas não foram mal educados.
Beijos
Acho que as aulas de substituição só agradam à ministra e aos pais. Os professores que têm de as dar e os alunos que têm de as ter odeiam-nas.
Na minha escola, os planos de aula estão a funcionar apesar de alguns professores se recusarem a seguir o plano e preferirem fazer outras actividades com os alunos.
Isto realmente está a ficar cada vez pior!
"Pau que nasce torto nunca se endireita!" É este o caso de Portugal, dos políticos de Portugal, da educação de Portugal, e de muito mais!
Sei que é pessimismo!
Mas durante toda a minha existência apenas assisti a "cenas" tristes!
O ponto maior de Portugal deve ser mesmo só quando a equipa de futbeol portuguesa chega a algum lado!
Este ano tive de faltar dois dias quando o meu filho foi operado. Deixei as minhas aulas preparadas para os professores que me substituiram - acho que correram bem, pelo menos foi a informação que me deram. Acontece que na semana imediatamente a seguir em todas as horas disponíveis para isso tive de dar aulas de substituição - tudo normal não fosse eu ter de improvisar em todas as aulas que me calharam pois planos das aulas que substitui não existiam!
Bjs
Márisa: podes crer, viva a selecção! Ela dá-nos alegria e faz-nos esquecer tudo, pelo menos durante algum tempo! heheh
Cris: isso é muito mau! Considero falta de respeito os colegas fazerem isso!
Na minha escola acontece o mesmo: uns apresentam o plano de aula, outros não o fazem; uns assinam no livro de ponto quando dão aula no lugar do colega (qdo o prof de substituição é da mesma disciplina do que está a faltar) e assinam tb no livro das substituições; outros so assinam no livro de substituições - uma grande confusão!
Aulas de substituição "a toda a hora e todos os dias"...
Então, sempre é verdade que vamos ter escola ao fim-de-semana?
Assobio, :) kem sabe se não é o próximo passo da Sra. D. Ministra!!!...
Pois eu como sou do contra, venho aqui dizer que NÃO concordo com as aulas de substituição com ou sem plano de aula!!!!
Os miúdos agora não têm um tempinho livre para respirarem...
Gostava tanto de ter horas livres, era quando mais convivia com os colegas de escola e desse convivio nasceram amizades...
Bons tempos!!!!
Beijinhos grandes...
Uma aula de substituição
Carregada de dossiês com trabalho a meio, livro de ponto e pasta, lá atinei com a sala. A professora de EV faltara e eu ia substitui-la.
A pesada “folha de serviço” da turma do 9º. Ano aconselharia uma escolha prudente do professor de substituição que, em princípio, já deveria conhecer as sinergias da turma e os líderes da asneira. Felizmente, a substituição calhou numa hora em que eu estava de serviço, em vez de algum jovem professor que, incauto, caísse no circo de feras.Sim, porque há uma jovem professora na minha Escola que é mais nova que o meu filho mais velho.
Abri a porta dos alunos, apresentei-me e mandei entrar. Galhofa, dichotes e protestos:
- Só me faltava mais esta...não nos bastava a besta da M. (a professora ausente).
Sempre à porta, procurei estabelecer diálogo, dizendo:
- Preparei uma aula de observação do aproveitamento das águas no pátio e gostava de ver os dados que somos capazes de recolher. Na realidade, havia gasto mais de duas horas na preparação desta aula, sempre com o intuito de utilizar o método científico, já que – diz-se, mas eu não acredito – os nossos meninos são avessos às Ciências.
Quando já haviam decorrido seis minutos de “diálogo”, mudei de estratégia:
- Têm um minuto para entrar.
Metade da turma entrou, a outra metade ficou lá fora, hurrando e dando murros e pontapés na porta. Na sala, a grande algazarra prosseguiu. Procurei sem êxito que o meu silêncio os acalmasse. Chamei a delegada de turma, pedi-lhe que me apresentasse a turma e que conferisse comigo o número dos alunos em falta, entre risadas e berros. Perguntei qual o professor em falta e um aluno respondeu que “foi a M., não conhece?”. “Só conheço a professora R e gosto muito dela”.
De repente, batem de novo à porta, num som ajustado. Um aluno, chamemos-lhe J, pede-me educada e simpaticamente para entrar, ao que acedo. Um outro aluno, chamemos-lhe E, pergunta grosseiramente, porque não entrava ele também. Respondo-lhe que entrará se me pedir com maneiras; pediu e entrou.
J. pergunta-me qual a disciplina que lecciono e respondo-lhe; é então que me pede que fale um pouco Inglês, ao que acedo. J. aquilata: “Tem uma excelente pronúncia”; Agradeço o apreço e pergunto-lhe se prefere sotaque à Príncipe Carlos ou à Alabama e exemplifico ambos. Escolhido o Príncipe Carlos e aproveitando a onda, sugiro que, dado o adiantado da hora, reflictamos um pouco sobre o que é ser estudante. What is to be a student?, registo em letra grande no quadro, que divido ao meio, para que cada um venha pôr, do lado esquerdo, as suas dúvidas sobre vocabulário, a que outros responderão do lado direito. Mal sabem usar o quadro. Apago as primeiras interrogações e desenho linhas horizontais, para que tudo fique mais legível. Olho em redor. Não há regras de aula visíveis e as mesas de trabalho dos estudantes estão em desorganização total.
- Em cima da mesa – acrescento – deixam apenas uma folha de papel e um lápis. Tudo o resto vai para dentro das mochilas. A maioria dos alunos acata com rapidez a indicação, mas uma entre eles atira:
- Issékérabom! Escrever em inglês numa aula de substituição! Ólhamésta!
Respondi pausadamente que ela iria ter em cima da mesa apenas uma folha de papel e um lápis. Sei que a organização do espaço de trabalho é uma aprendizagem a que as professoras do primeiro ciclo dão particular importância. A aluna continuou no mesmo tom. Três vezes repeti a indicação, três vezes se negou a cumpri-la. Até que eu lhe disse que, um minuto depois, tudo o que estivesse em cima da sua mesa, para além do papel e do lápis, seria retirado, fazendo com a mão um gesto do centro da mesa para o extremo direito, em direcção ao chão. Esperei um minuto olhando para o relógio, ao fim do qual apliquei o gesto. A mochila foi ao chão. A aluna voltou a pôr a mochila em cima da mesa, a mochila ao chão voltou. Entretanto, entre a primeira e a segunda verificação prática da Lei da gravidade, uma outra aluna sugere-lhe, de modo que eu oiça: “ Se fosse a ti ia-me já embora”. Respondi-lhe que quando chegasse ao pé dela, a sua mesa teria de estar conforme as instruções. Depois do segundo tombo, a mochila foi posta no devido lugar e primeira menina começou a produzir texto. À outra, disse-lhe que só tinha meio minuto para se organizar. Nova verificação prática da Lei da gravidade. Lembrei à aluna que era livre de fazer o que sugerira à colega e ela saiu. Aí o trabalho começou. Finda a aula, recolhi as reflexões e participei o comportamento da turma a quem de direito. Quando cheguei a casa, a tensão arterial estava a 220-123.
Nas duas semanas seguintes fui indagando sobre se o assunto tinha sido tratado com a turma, mas aparentemente o tempo escasseou para o efeito. Ao invés, primeira a ser chamada à direcção da Escola fui eu: Que não podia ser, que tinham caído ao chão com dano uns materiais evidentemente escolares e uns paizinhos candidatos a indemnizações de um telemóvel e um i-pod. … Ai pode, pode, pensei e disse.
Um mês depois, ainda havia uns brincalhões da turma que se vão pôr à espreita da minha aula. O problema estava mal resolvido. Fix um requerimento à Direcção da Escola a pedir que o resolvesse. Entreguei-o nos Serviços Administrativos para dar entrada.Esta semana foi um descanso à porta da minha sala. Como diz um personagem dos Gatos Fedorentos: E não façam trocadinhos com a minha profissão!
E
Que relato!...
Já me "saiu na rifa" um ou outro aluno deste tipo mas quando as coisas vão para este campo, comigo nng brinca! A Idalina é "das minhas" :)
O problema é que ficamos de rastos... é como se, num dia só, tivéssemos tido uma semana inteira de aulas!
Quem nos paga a saúde?!
eu nao konkordo kom ax aulax de xubxtç.. pk..xao ua palhaxada...
va para o inferno...ministra
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