27 junho, 2007

Semana do dizer bem

Resolvi aceitar a proposta da paideia e vou dizer bem :)
Dado que muitos dos post's dos últimos meses diziam mal da minha tramada vida de professora, em particular nesta escola, desta vez vou dizer bem, aliás, MUITO BEM.
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Vou dizer bem da equipa de professores dos apoios educativos, especialmente, daqueles que trabalham exclusivamente com os alunos surdos. São pessoas extremamente sensíveis, muito dedicadas e que gostam imenso do que fazem. São uns autênticos pais/tutores para estes alunos.
Nesta escola existe o N.A.C.D.A. (Núcleo de Apoio a Crianças com Deficiência Auditiva). Também eu pertenço a este núcleo pois dado ter alunos com este tipo de deficiência integrados nas minhas turmas, tive de lhes dar apoio individual uma vez por semana. Para levar a cabo o melhor possível a minha tarefa, fiz uma formação de L.G.P. (Língua Gestual Portuguesa), frequentada nesta escola ao longo de todo o ano lectivo. Foi uma experiência única, muito enriquecedora. Percebi que os meus alunos ficaram com um sentimento misto de admiração, carinho, agradecimento por me ter preocupado com eles pois apesar de ter chegado à escola quase no final do 1º período, consegui aprender a comunicar com eles rapidamente e isso facilitou imenso o processo ensino-aprendizagem. Até os alunos "normais" ficavam admirados quando, na ausência de intérpretes, eu parava para explicar melhor, gesticulando para os colegas. De certo modo, penso que contribuiu para aumentar o seu respeito pelos colegas.
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Hoje, perguntam-me se vou ficar cá para o ano e, ao dizer-lhes que "não", ficam tristes e perguntam-me "porquê?" - não percebem porque é que uma pessoa que gosta tanto deles e que investiu tanto, se vai embora. A explicação, da minha pobre categoria de contratada, em L.G.P., era difícil por isso tive de pedir a ajuda de uma intérprete. Acho que ficaram a "rogar pragas" ao sistema de colocação de professores e à Sra. D. Ministra também.
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8 comentários:

gq disse...

Pois, tb eu rogo pragas... Um trabalho a correr bem, colegas e alunos a perguntar se fico e ter de responder não custa-me imenso.

Pensar q para o ano,terei de repetir, mais uma vez, todo o processo de entrar na dinâmica de uma novo escola, de novos colegas, novos alunos, desgasta-me imenso.

Começa a fase de pensar em outras opções, mas acabo sempre por voltar à escola e qd volto, nunca me arrependo...

Anónimo disse...

Nestas situações é que é uma pena não haver continuidade, ainda mais quando há uma relação próxima entre professor e estes alunos! Mas, infelizmente o nosso sistema não contempla estes casos. Muitas vezes quem vem a seguir pode não conseguir o mesmo tipo de empatia ou precisar de tempo precioso para se adaptar a estas realidades!

E nós, contratados, lá voltamos à estaca zero!
Espero que tenhas muita sorte no próximo ano lectivo. Pela minha parte pondero seriamente desistir! Estou cada vez mais desiludida com este processo de "contrata, descontrata", escola hoje, desemprego amanhã!!

Beijinhos :)

Alda Serras disse...

Perde-se muito com esta descontinuidade. No próximo ano lectivos, estes alunos vão ter de começar tudo de novo e, possivelmente, com alguém que não os compreende tão bem quanto tu.

Onde é que aqueles senhores lá de cima têm a cabeça?!

Anónimo disse...

Ol� Queria enviar-te um e-mail, mas n�o encontrei nenhum dispon�vel... Sou uma futura colega (Estudos Portugueses). Acabei de acabar o 5.� ano e estarei, no pr�ximo ano, em est�gio (enfim, num ano lectivo que tem esse nome). Sou de Lisboa. Estou muito preocupada com as perspectivas de coloca�o. Tenho muitas perguntas... Diz-me, h� quantos anos terminaste o est�gio? Por que raz�o dizes que n�o ser�s colocada para o ano? (Sabes que este ano, na Faculdade de Letras, houve metade dos candidatos, em rela�o aos outros anos?) Se puderes, agrade�o as tuas respostas. Um beijinho, Maria

Paideia disse...

Eu lembro-me dos primeiros anos, de estar, muitas vezees, durante todo o Verão, às vezes até Outubro, sem saber qual era o meu próximo destino. Embora tenho tido sempre facilidade de adaptação, lembro-me de que quando chegava a uma escola nova - habitualmente com as primeiras chuvas - ficava deprimida e angustiada. Nesse período do ano, todo o meu corpo se revoltava, se alterava, acusava o stress. Lembro-me de estar de férias no sul e de andar a correr as escolas próximas à procura das listas de colocação. Esta é uma parte das nossas histórias que tinha de ser bem contada, sobretudo no feminino.
Contem vocês agora, para que tudo fique registado e haja alguém que se interesse por estudar a condição docente.
Um grande abraço e... coragem!
E parabéns pelo trabalho com os meninos do silêncio. Eu só tive uma, em toda a minha carreira.
E já agora...
Outro abraço!

Stôra disse...

gq: sinto exactamente o mesmo!

Cris: acho q todos nós já ponderámos, pelo menos uma vez, desistir. Achas que consegues?! Eu não consigo...

Bell, há uma enorme empatia entre mim e eles; sinto como se os fosse abandonar.

Anónimo: Sendo uma futura colega, fico admirada com as questões que me coloca! Por um lado, ainda é muito cedo para se preocupar com isso; faça o estágio em paz, agora já não vai a tempo de mudar de curso. Por outro lado, não lê jornais? Não vê televisão? As colocações de professores estão muito complicadas! Os professores andam a ser o saco de pancadas do nosso governo!
Há cada vez menos alunos = menos vagas; o horário lectivo dos professores aumentou (eles trabalhavam pouco, coitados)= menos vagas; as colocações vão passar a ser feitas por cada escola = quem não tiver "cunha" fica desmpregado, mesmo que seja um óptimo profissional.

Quanto ao ano em que acabei o estágio, não interessa. O que interessa é a média com que acabas o curso e, depois, os anos de serviço que tens (cada ano de serviço contribui com um ponto para a ordem de graduação, ou seja, cada ano de serviço soma um ponto na média de final de curso). Se eu tivesse acabado o estágio no ano passado com média de 20 valores, provavelmente teria entrado no quadro e estaria em igual situação de uma pessoa que tivesse acabado o curso há dez anos com média de final de curso de 10 valores. Espero que tenha percebido!
O curso também importa. Nesta altura há excesso de professores de L.Portuguesa e isso significa que existem muitos desempregados. Os professores da minha área, que até há bem pouco tempo atrás não se queixavam, também começam a sentir o problema do desemprego.

Espero ter esclarecido!

A Professorinha disse...

Quando os alunos nos mostram que gostam do nosso trabalho é a maior recompensa que podemos ter. O que tu sentes e o que os teus meninos sentem também já eu senti. Já por duas vezes chorei ao abandonar uma escola... e por uma dessas vezes até uma das vice-presidentes do CE chorou e disse que se ela mandasse eu não viria embora.

Por vezes é triste o fim de cada ano lectivo...

Beijos

Andreia disse...

Não há nada melhor nesta profissão do que sentir que os nossos alunos reconhecem o nosso trabalho e dedicação!

O fim de cada ano lectivo é complicado, o saber que não estaremos lá no próximo e nem ter a certeza se estaremos numa outra escola no próximo ano...

Mas ficamos sempre enriquecidas, levamos connosco experiências que só esta profissão nos pode dar;)

Beijinhos grandes