04 dezembro, 2007

Haja força!

Os últimos tempos da minha vida pessoal não têm sido fáceis. A vida prega-nos partidas duras. Caímos; levantamo-nos; caímos; levantamo-nos... até que chega uma altura em que nos questionamos se queremos levantarmo-nos de novo. Chegamos a pensar "mais vale ficar no chão pois assim não voltamos a cair".
Ao passar pela
professorinha resolvi regressar aqui aos meus desabafos...


Tenho uma pergunta a ecoar na minha mente, que eu julgava ter deixado há muitos anos atrás:

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PORQUÊ? PORQUÊ? PORQUÊ? PORQUÊ? PORQUÊ? PORQUÊ?
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Não encontro resposta que me conforme.
Tenho saudades.
Quero um abraço dele; do meu herói.
Quero brincar com ele.
Quero chateá-lo.
Quero ouvi-lo incentivar-me vezes sem conta ""Agarra-te" ao mestrado; acaba-o, já falta pouco!"
Quero que ele me ajude a levantar quando eu cair.
Quero dar-lhe mais alegrias; muitas.
Quero vê-lo orgulhar-se de mim.
Eu tenho tanto orgulho nele!.......
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No meio do turbilhão de pensamentos que me vão na alma houve um regresso à minha vida profissional. Inevitável. Acima de tudo (?!) meu dever.
Para quem não sabe, quando alguém que amamos parte deste Mundo, dão-nos 5 dias para ficarmos bem. Exacto. Cinco dias (incluindo fim de semana) para "arrumar o assunto".
Ao fim de cinco dias agarramos na pasta, no dossier, nos livros e cadernos e rumamos ao trabalho.
Rumei à escola, prontíssima (?!) para enfrentar uma turma de quase 30 alunos, irrequietos, esboçar um sorriso, falar, explicar, raciocinar, expressar... Tudo como se nada tivesse acontecido na minha vida pessoal; tudo como se eu não estivesse toda amassada; como se eu não estivesse destroçada por dentro; tudo como se eu não estivesse com a cabeça à roda... Enfim, tudo como se eu realmente estivesse bem. O facto é que não estava. Atestado médico de alguns dias... mesmo assim regressei mal. Não adianta... tão depressa, não ficarei bem.
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Que outra profissão exige um esforço destes?!
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Quando estamos com dor de cabeça, desconcentrados, tristes e com vontade de chorar, enfim... péssimos, e temos de trabalhar, como resolvemos a situação? Como continuamos?
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Pensem comigo:
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Um médico - despacha o doente (eu disse um doente, não disse 30 ao mesmo tempo) o mais rápido possível e pede à sua secretária que não chame o próximo enquanto não se recompuser.
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Uma secretária (e qualquer outra profissão cujo trabalhador passe o dia sentado numa secretária) - pára, vai beber um chá, conversa com um colega que o anima, chora à vontade no WC ou onde bem entender e vai fazendo o seu trabalho sem ter nenhuma plateia a olhar para si.
Bom, não vou fazer uma reflexão exaustiva... pensem em muitas profissões e comparem com a nossa - professores.
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Nós, os professores, que fomos e continuamos a ser enxovalhados por aquela Sra. D. a quem atribuíram o cargo de Ministra, porque ela não vê. Acho que o único sentido que ela tem é o tacto - ela só sabe pisar. E faz questão que todos nos pisem; porque merecemos. Não fazemos nada nas escolas.
Nós não fazemos de pai, não fazemos de mãe, não fazemos de psicólogo, não fazemos de médico, não ajudamos quando, no fundo, precisamos de ser ajudados. Não.
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Eu gostava de saber, se ela "partisse" neste momento, se ia feliz pela sua obra.
A vida são dois dias. Devemos lutar para que, depois de partirmos, as pessoas nos continuem a lembrar pelas obras grandiosas que fizémos.
Gostava de saber se os seus filhos a iam chamar de heroína.
Não creio!

14 comentários:

Stôr Engenheiro disse...

Haja força, sim... Tens de ser forte, e sabes que eu estarei sempre lá para te ajudar...

Mantém o amor pela vida, mantém a vontade de lutar, mantém vivo o orgulho pelo teu pai, e continua a dar-lhe alegrias... Enquanto te lembrares dele, ele nunca morrerá realmente...

olho_azul disse...

Sim, numa profissão como a nossa é preciso muita força, é preciso ser de ferro para poder continuidade ao nosso trabalho, mesmo correndo o risco de sermos chamadas de insensíveis. É um desgaste muito grande, porque o nosso cérebro tem de estar em pleno para poder dar as aulas, para poder ensinar. Talvez por tudo isto ser professor é das profissões tão exigentes, mesmo que muitos não a reconheçam.
Mas neste momento menos feliz da tua vida o que te posso dizer é que continues em frente, lutando pela vida, tornando-a alegre, tornando-a especial. O teu herói está a teu lado, orgulhoso, incentivando-te a lutares pelo que queres!

Beijos

Alda Serras disse...

Os meus sentimentos pela tua perda.

A nossa profissão não se condói com fraquezas, momentos em baixo, dores de cabeça ou de alma,... Comparo-a à dos actores (rir por fora, chorar por dentro): the show must go on.

Força, um dia atrás do outro!

Anónimo disse...

Olá stora,

ELE tá aí ao teu lado!! Não o sentes? ele vê-te, ele sente-te!! acredita e continua a fazer tudo como se ele estivesse ao teu lado. Continua a ama.lo!! e a ti também!! muito e nao desistas, isso é o mais fácil... e tu és forteeeeeeeeeee. Coragem.!!

A Professorinha disse...

Oh minha querida... não sabia que estavas a passar pelo mesmo que eu... A dor é infinita... a revolta enorme... irmos trabalhar como se nada se tivesse passado arrasa connosco... Alguns alunos sabem e até nos confortam com o comportamento que têm... outros nem por isso...

Eu enfio-me no trabalho para não ter que pensar que a minha querida Mãe já não está comigo também a incitar-me para o meu mestrado e todo o meu trabalho, para me dizer que está orgulhosa de mim, de todo o meu caminho e da minha luta...

Todo o meu apoio moral para ti, minha querida... Força...

Beijinhos muitos beijinhos...

Nenúfar Cor-de-Rosa disse...

5 dias é muito pouco! A dor não deve passar e obrigarem-nos a trabalhar numa situação dessas é cruel! Força, MUITA FORÇA e CORAGEM! Às vezes é no trabalho e na ocupação que nos esquecemos um pouco da dor e os que partem, ao verem-nos assim, cheios de vontade de prosseguir em frente, hão-de ficar orgulhosos. Um bom Domingo! Beijo.

Unknown disse...

5 dias não são nada, mas se fossem 5 mil seria nada também. Tristemente a vida não pára e não se compadece da dor de ninguém.
E... não digo mais nada!

Anónimo disse...

Venho deixar-te um beijinho e a força possível para ultrapassares este momento menos bom da tua vida!
O teu herói continua aí, sempre, num cantinho especial do teu coração!

Beijinhos

Marina disse...

Desculpa andar sem dizer nada mas tenho estado ausente da blogosfera...

Nao posso dizer te que vai ficar tudo bem, mas o unico caminho possivel e mesmo em frente...
Força para continuares! =)

Beijinhos ate breve

Anónimo disse...

Podiamos simplesmente deixar passar o tempo, e esperar que os € nos entrem nos bolsos, como fazem muitos dos funcionários públicos, mas nós temos uma plateia a espera que representemos, motivamos, ensinamos e sei lá mais o quê.
Porquê? Porquê?
Porque apesar de sermos pisados por todos, ministra, governo, tudo...
Temos ORGULHO em ser professores, fazemos isto por PAIXÃO, não por dinheiro, como eles os do puleiro!!!
Abraços para todos

doladodecimadoriodouro disse...

Passei por aqui.
Tudo já foi dito e nada consegue diminuir o sofrimento. Apenas a solidariedade pode confortar um pouco. Um pouquinho.
Não quero ir embora sem deixar um abraço. Não sei dizer mais nada. Não sei!

eskisito disse...

Lamento amiga. E concordo contigo, ser professor neste Portugal dos pequeninos é mesmo algo inacreditável.
Beijos

Anónimo disse...

"Vieram daqueles colegas que querem "leccionar" Desposto Escolar e, ..." inflizmente nao a poderei chamar de colega. caso nao saiba, o desporto escolar nao se lecciona.. "para tal, tiveram de largar outras horas do horário para não ficarem com horas extraordinárias (coitados, que grande sacrifício)."... caso nao saiba, não ha horas extraordinarias, se as ha, coitados dos tipos do executivo se por la for a inspecçao... "Pelo que sei, todos os anos lhes recusam o pedido do Desporto Escolar mas como este ano está cá a stôra, foi deferido!"..por acaso ate é ao contrario. todos os anos aceitavam tudo, de ha 2 anos para ca, recusam tudo...

Anónimo disse...

"Conclusão: Uns vão "coçar o tornozelo" porque detestam estar dentro de uma sala de aula a aturar Área de Projecto"...com supostos colegas assim, nao é preciso o actual governo ou a nossa querida senhora ministra...