09 outubro, 2008

A minha escola

Há muito que não apareço.
Pensando bem, talvez seja melhor dizer: "há muito que não tenho tempo para mim e, portanto, para vir aqui", a verdade é essa. Não tenho tido tempo sequer para os meus desabafos; e isto é grave.
Desde que entrei na minha escola que não tenho tempo para nada; vivo em função da escola; do trabalho da escola.
A primeira impressão que tive quando entrei na escola - e que ainda tenho! - é que é uma escola fantástica em termos de qualidade e condições de trabalho. Ora vejam: todas as salas têm um computador (mais ou menos velho mas funciona!), um videoprojector em, praticamente, todas as salas, devidamente instalado no tecto, prontinho a funcionar; uma boa quantidade de quadros interactivos a funcionar; uma sala de trabalho para cada grupo disciplinar com boas mesas de trabalho, computador, estantes de livros e, no meu caso, ao lado das salas específicas de aulas (laboratórios); não temos livros de ponto, usamos infoponto; 90 min do meu horário são para planificar aulas em conjunto com os colegas que dão os mesmos níveis de ensino que eu - fazemos tudo em conjunto e partilhamos materiais - todos trabalham para o mesmo e se entreajudam; Cada grupo disciplinar organizará uma das várias "festas" que a escola realizará ao longo do ano, tipo: o magusto, a Ceia de Natal, o Sarau, entre outros; temos uma sala de professores simpática, arejada, grande e com um bar que nos mima com uns petiscos saudáveis: sopa, saladas, sandes c salada, frutas e salada de frutas, e outros que tais; os funcionários muito simpáticos e prestáveis; um conselho executivo competente, ambicioso e amigo dos seus professores; toda a comunicação que é feita no placard da sala de professores é enviada por email para cada professor; o email é também utilizado para comunicação e partilha de materiais entre colegas (acumulo quase 100 email's da escola desde início de Setembro!)
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Quem não gostaria de estar numa escola assim?! :)
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Eu adoro! Mas tudo tem um senão...
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Tudo o que o Ministério exige, nós cumprimos - algo com que eu não concordo, dado a minha "Natureza rebelde", diria (lol) - inclusive a avaliação docente.
Quando se fala em avaliação, a minha escola é a melhor das melhores; "se bem o pensa, melhor o fará."
Papéis e mais papéis, grelhas e mais grelhas, discussões e mais discussões - que me deixam sem tempo para preparar as minhas aulas devidamente, como eu gosto, e propósito no qual eu considero que me devo centrar. Ainda mais que me saiu na rifa o 12º ano para leccionar - estou atolada em trabalho!
O que me chateia é que parte do trabalho que tenho tido não contribui para o meu sucesso como professora e para o sucesso dos meus alunos - que é o que me importa - dado que, com pouco tempo, não preparo as aulas como gostaria!
A avaliação do desempenho docente veio tirar tempo aos bons professores e ocupar os que não faziam nada, é a minha humilde opinião!
Enfim... não há bela sem senão!

02 setembro, 2008

A colocação

Estou de volta... Ainda mal refeita da surpresa que tive.
As férias foram boas mas não esperava que terminassem tão rápido. Na 6ª feira passada, estava eu descansada a ver o "Jogo Duplo", pois não estava à espera de ser colocada e, portanto, não "andava em cima da Internet", quando me apercebi que o meu telemóvel (que estava no silêncio) tinha algumas chamadas não atendidas de colegas professoras. Automaticamente pensei: "saíram os concursos e há novidades". Fui imediatamente à Internet, sem antes entrar em contacto com as colegas, e qual não foi o meu espanto de ver que fui colocada com horário compelto anual numa das minhas primeiras opções! Pensei: "houve engano, só pode ser!"
Fiquei felicíssima, claro! Mas muito surpreendida também!
Espero que muitas mais pessoas tenham tido a mesma sorte! Para os outros, boa sorte para as cíclicas!

24 agosto, 2008

Depois das férias...

... é altura de pensar no próximo ano lectivo. É altura de pensar nas colocações e na possibilidade de ser, ou não, colocada.... Estou à espera.

31 julho, 2008

As merecidas férias

Gostava de ter falado aqui de muitos assuntos que me preocuparam nos últimos tempos, relacionados com o ensino, claro, mas o cansaço e a falta de tempo não o permitiram. Terei, certamente, oportunidade de exprimir a minha opinião acerca deles pois, infelizmente, eles voltarão à "baila" no próximo ano lectivo. E voltarão em grande, a avaliar pelo comentário de uma colega de escola que encontrei no fim de semana no hipermercado: "Enfim as merecidas férias, não é? Já merecíamos e temos de aproveitar porque o ano que se avizinha vai ser terrível; nem imaginamos o que vem praí". Percebi que se estava a referir à avaliação e concordei. Mas tenho até hoje a sua expressão grave e séria a bailar na cabeça. Será assim tão grave?!


O melhor é mesmo ir de férias, descansar, relaxar e tentar não pensar nisso.



Depois de um fim de semana prolongado no Gerês, neste sítio paradisíaco, na "Encosta da Caniçada", (a convite dos bons amigos :) )








preparo-me para dar um pulinho à Galiza, depois a terras mais tropicais e de seguida... hmmm ainda está em "logo se vê" :)


Boas férias para todos; um bom e merecido descanso!
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17 julho, 2008

Acabou

Penso que hoje, finalmente, acabaram os trabalhos "urgentes" na escola.
Desde o último dia de aulas que nunca mais parei. Houve quem dissesse "acabaram as aulas, finalmente algum descanso" mas eu ainda estou a tentar perceber onde é que se meteu o descanso.
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A minha reunião de Conselho de Turma foi um momento difícil (para não usar outros termos "pesados") pelo qual passei. À semelhança da reunião de Conselho de Turma do 2º período, os colegas recusaram-se a realizar tarefas que têm de ser realizadas pelo C.T. durante a reunião, como alterar notas no computador (colocado na sala para o efeito) ou escrever as sínteses descritivas de cada aluno, alegando que "não me entendo com as teclas" ou "já fiz isso noutra reunião, agora não faço"; resistiram a preencher e assinar documentos (e quando o fazeram, fazeram mal e/ou incompleto, tive de andar "atrás deles" nos dias seguintes). Não quero deixar de referir os colegas que andaram a discutir aos berros (a "peixeirar", mesmo) por causa da transição de um aluno: o Conselho de Turma decidiu por maioria que transitasse mas um elemento do Conselho de Turma ia "esfolando" os outros por quererem alterar a sua nota.
Um Conselho de Turma vergonhoso, não tem outro nome. Para além da "cruz" da turma que me deram tive também a "cruz" deste belo Conselho de Turma. Devem ter sido factores determinantes da baixa médica psiquiátrica que a D.T. titular apresentou no final do 2º período.
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Após a reunião vieram os papéis. Papéis que nunca mais acabaram. Eu e a minha secretária andámos 1 semana para conseguir compôr a acta e preencher todos os papéis! Depois disso veio a reunião com os Encarregados de Educação e o encaminhamento de alunos para CEF - tarefa árdua. Depois disso, e até hoje, tive de inserir os Planos de Recuperação online (quase toda a turma com um monte de disciplinas para cada aluno), algo que, penso, só a DREN se lembrou de inventar; tive de fazer o relatório de Direcção de Turma para o qual há uma minuta na escola com os itens mais "estapafúrdios" (desculpem o termo!) que alguma vez vi e que demorou imenso tempo a fazer; tive de organizar os P.I.A.'s e arquivar toda a papelada.
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Estou cansadíssima; de tal modo que tive de começar a tomar algo para a fadiga física e psicológica. Nesta altura do ano, parece estranho, mas a necessidade assim o obrigou.
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Espero que vocês, colegas de outras escolas, não tenham tido metade do meu trabalho, nesta altura em que já estamos desgastados pelos alunos.
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Boas férias para todos! E bons concursos de professores com melhor sorte para o ano! (Porque devemos pedir sempre melhor!) :)

19 junho, 2008

Novamente instrutora

Passo a vida nisto: participação disciplinar para a esquerda, participação disciplinar para a direita, para cima, para baixo... para todos os lados!
Desta vez, a participação disciplinar (feita pelo "funcionário segurança/detective"!) relatava que, durante uma aula, uma aluna encontrou uma pastilha elástica colada no seu cabelo! Parece mentira mas a história ainda é pior do que parece!
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Numa aula, uma das alunas da minha bela turma fez queixa à professora de que tinha uma pastilha elástica colada no cabelo. A professora tentou resolver a situação, enervada, procurando os culpados; mas os "cobardolas" não se acusaram. A professora desesperada e enervada, mandou a vítima ao C. Executivo para que lhe vissem o cabelo e resolvessem a situação. Na ausência de responsáveis no C. Executivo, o funcionário anteriormente referido tomou conta da ocorrência, indo à sala apurar os factos e identificar os culpados.
A C., o A. e o L. foram acusados.
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Instaurado o procedimento disciplinar, do qual fui instrutora, apurou-se o seguinte:
Estas crianças (más; más pessoas mesmo) resolveram atirar unhas (sim, unhas!) para o cabelo da colega que estava sentada à sua frente e que normalmente desprezam, alegando o seu mau feitio. Insatisfeitos com a maldade, resolveram brincar com pastilhas elásticas durante a aula, atirando-as uns para os outros e, por fim, para o cabelo da colega. Só a pastilha do A. acertou no cabelo da colega, felizmente.
A aluna teve de ir com a pastilha elástica colada no cabelo nos transportes públicos, até casa.
Os alunos A. e C. riram ao contar a história e não se mostraram arrependidos. Os seus Encarregados de Educação acharam que foi mal feito, mas nada de especial (mães separadas; por maus tratos e por prisão do companheiro, respectivamente). O L. apenas brincou com as pastilhas; não atirou à colega. O seu Encarregado de Educação (o seu irmão, porque os pais têm um café e têm mais do que fazer do que tomar conta do filho) nem compareceu à audiência.
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Resultados:
3 dias de suspensão para a C. (alvo do 2º procedimento disciplinar);
3 dias de suspensão para o A. (alvo do 2º procedimento disciplinar)
repreensão escrita para o L. (acumula algumas participações disciplinares)
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Parece que amanhã é o último dia!...

15 junho, 2008

Mais três procedimentos disciplinares

A odisseia dos procedimentos disciplinares continua. Infelizmente.
Cada vez que chego à minha gaveta de Direcção de Turma (local onde me deixam todos os "presentes" relacionados com a D.T.) encontro participações disciplinares. Umas feitas por professores, outras feitas por funcionários. Sim, porque os "meus meninos" não fazem distinção: se é para portar mal, é para portar mal em todos os locais da escola.
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Participação I: o aluno C. portou-se mal durante a prova de avaliação, conversando e virando-se para trás, não acatando os avisos da professora. A professora, já saturada, repreendeu-o obrigando-o a voltar para a frente por contacto físico. O aluno não gostou e empurrou a professora. O aluno alegou que a professora lhe deu um "estaladão".
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Participação II: O aluno T. passou a aula a conversar, a rir e a fazer barulhos repetitivos, perturbando a aula e desafiando a professora. A professora, já saturada, repreendeu-o abeirando-se dele e fazendo uma tentativa de lhe "puxar as orelhas". Não teve portunidade porque o aluno antecipou-se: levantou-se, empurrou a professora e vociferou "vá para o ca**lho" saindo porta fora.
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Participação III: A aluna C., irritada com a decisão da professora acerca da classificação de um trabalho, "murmurou em voz alta" para um colega, à frente da professora: "esta stôra é mesmo monga". Teve pouca sorte porque a professora ouve muito bem.
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Abrir a gaveta da Direcção de Turma e dar de caras com isto tudo não é nada agradável, como devem imaginar. Encaminhei-me para o Conselho Executivo e entreguei as ditas ao presidente para instauração de procedimentos disciplinares. Desta vez tiveram pena de mim e não me nomearam instrutora.
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Resultados: 3 dias de suspensão para o C.; 5 dias de suspensão para o aluno T. e para a aluna C. Os processos foram agravados pelas inúmeras participações acumuladas pelos acusados.
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O pessoal tira uma licenciatura para isto... para aturar má educação dos filhos dos outros; para fazer de inspector da P.J. e para não ter tempo sequer de preparar devidamente as aulas e ensinar, que é para isso, e por isso, que um professor escolhe a profissão!
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28 maio, 2008

Desafio 2 em 1

Ando um pouco desaparecida, como diz a Bell. Ando cansada. Tou um pouco farta do computador (devo-o à tese) mas continuo a ser obrigada a trabalhar muito com ele para a escola. Ando sem paciência para os meus próprios desabafos; infelizmente eles não mudam nada do que está mal na Escola. Há tanta coisa mal!... Ando irritada. Sem paciência, mesmo. Mas isto passa, vamos ter esperança. Já só faltam 3 semanitas... o que é isso?!
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Respondendo ao desafio (um pouco atrasada) da olho_azul e também ao da Bell, cá vou eu :)
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olho_azul: desculpa, olhando para as 6 coisas que não te importam fiquei sem ideias para responder ao desafio, então alterei-o para 6 coisas que me importam.
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6 coisas que me importam
Que deitem lixo para o chão: não compreendo como "nesta altura do campeonato" ainda há pessoas que têm a LATA de deitar lixo para o chão! Noutro dia ia a conduzir e o condutor do carro que seguia à minha frente abriu a janela e zás, uma bola de papel para o chão! Claro que lhe buzinei. Mas acredito que até hoje ele não perceba porquê!
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Que me passem à frente nas filas: fico passada quando estou há horas numa fila e vem um espertinho e "dá o golpe"!
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A indisciplina nas escolas: está cada vez pior. Acreditem que, se eu pudesse, fazia alguma coisa em grande!
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Os palavrões: ainda não me habituei ao Norte onde as vírgulas e todos os outros sinais de pontuação são palavrões. Mas tenho de os ouvir em todo o lado e ditos por toda a gente, de qualquer idade ou sexo!
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Que cheguem sistematicamente (bastante) atrasados: há pessoas que simplesmente não sabem o que é chegar a horas! Uma vez ou duas ainda desculpo...
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O sofrimento: não suporto vê-lo. Nas crianças que sofrem; nos pobres; nos sem abrigo; nos desalojados; nos refugiados. Enfim...
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6 coisas que odeio
Mentiras: não suporto mesmo. Principalmente quando são mentiras esfarrapadas que ficam com "o rabo de fora". Grrr Prefiro sempre a verdade mesmo que seja dura.
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Gente cínica: simplesmente não suporto.
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Esperar: Não gosto mesmo nada de esperar. Se tiver de esperar mais de 10 min por alguém já fico a ferver. Fico tão mal disposta que ninguém me atura! lol Ahh e a má disposição vai aumentando com o tempo de espera!
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Creme de favas/ nabiças/ tofu/ algumas comidas c sangue: tinha de falar em comida pois adoro comer e estou faminta; ainda não tomei o pequeno almoço! Apesar de adorar favas guisadas com carne de porco e ovos escalfados, não suporto o creme de favas, vá-se lá saber porquê! As nabiças amargam tanto que não compreendo quando me dizem que "são tão boas". Quanto ao tofu, se eu fosse vegetariana estava tramada. Cabidelas, por favor, não!
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Falta de civismo: na estrada, num café, na rua, enfim... Por exemplo, quando conduzo em filas, deixo sempre entrar alguém que se apresenta pela direita num entroncamento que não tem prioridade. Quando me calha a vez a mim, apanho sempre com gente que não sabe o significado de civismo. Outro exemplo: quando estamos numa sala de espera a ver TV e vem um(a) espertinho(a) e muda de canal sem pedir autorização aos presentes. Fico passada!
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Que me roubem as ideias: há sempre alguém que se aproveita das nossas ideias e as expõe como sendo dele(a). Fico passada! Sendo eu uma verdadeira idiota, ando sempre a ser vítima de roubo. lol
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"Prontux", desabafei tudo :)
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Agora quem é que eu desafio...?! Hmmmmm podes ser tu! Sim, tu, que me estás a ler :) Estás desafiado(a), toca a responder!

15 maio, 2008

Finalmente o fim :)

(ou o início... não sei bem de quê!)
Foi no dia 12 que, depois de ter acordado às 4h da manhã com dores de barriga que acompanhavam uma grande ansiedade, defendi (com unhas e dentes, hehe) a minha dissertação de mestrado. O resultado foi um "Muito Bom" acompanhado de alguns elogios e incentivos para continuar.
Aguardem por mim! :)
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Estou de regresso ao mundo escolar, onde me espera a minha "linda direcção de turma" que está cada vez mais indisciplinada. Dado que o "chefe" ainda não deu ordens para aplicação de medidas, eles vão fazendo o que querem e dizendo: "Eles falam, falam e não fazem nada". E riem-se na cara dos professores.
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Assim vai o ensino em Portugal: uma gestão constante de conflitos e tentativas de educação falhadas acompanhadas, por vezes, de defesa pessoal!

03 maio, 2008

O Conselho Disciplinar

Depois de terminar o procedimento disciplinar do qual fui instrutora e que resultou na aplicação de medidas correctivas, as participações disicplinares continuaram a chover: vão desde participações de funcionários a relatar brincadeiras parvas de alguns alunos que mandam colegas ao chão e saltam em cima deles, passando por relatos de comportamentos descontrolados de ordem sexual (é verdade, a Primavera chegou em grande, só espero que daqui a 9 meses não chegue outra notícia) até 7 participações disciplinares da professora de Matemática numa só aula!
Bom, depois disto, eu disse para mim mesma: ou fico maluca, ou deixo de dar aulas e trato de ser inspectora a tempo inteiro ou vou ao "chefe" e digo-lhe que actue.
Optei pela última hipótese. Um dos despachos que o "chefe" deu foi: "a D.T. deve convocar Conselho Disciplinar que será presidido pelo presidente do C. Executivo".
Convoquei, então, o Conselho Disciplinar.
Como correu? pessimamente mal! O que foi decidido? Nada!
Volvida uma hora e meia de reunião, cada um dos professores tinha exposto os problemas que tem com cada aluno indisciplinado (são 6 alunos) e emitido opinião quanto às medidas a aplicar-lhes (devo dizer que se um professor dizia "mata" o outro dizia "esfola" porque estão todos "passados" com a indiciplina da turma). Ficou também decidido que dois deles têm de ser acompanhados pela psicóloga da escola (sobrou para mim esta tarefa) pois podem estar em risco. Talvez seja mesmo necessário accionar a CPCJ (Comissão de Protecção de Crianças e Jovens em risco).
Depois de tudo isto, o presidente da reunião continuou dizendo qualquer coisa como "ok e tal... sabem... nós não podemos... porque a lei..." (desculpem o termo, "lixando-se" para o que tinhamos estado a fazer durante a reunião toda) Nisto, uma colega (daquelas que não têm pápas na língua) "dá um murro na mesa", perguntando se tinha estado a gozar com o pessoal naquela hora e meia. Foi o rastilho para uma bela discussão. A reunião terminou de forma abrupta, por ordem do presidente, mandando todos embora. "Eu trato disto", disse.
O problema é que não tratou e as participações disciplinares continuam a chover! Mais ainda, os alunos perguntam descaradamente: "então, professora, o que foi decidido no Conselho Disciplinar?", "Eles falam, falam e não fazem nada!"
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Pois é, não fazemos nada porque a minha escola não tem um "presidente de tomates", nem "pulso" para eliminar a indisciplina. Na minha escola não se pode nada!
Ao contrário da escola onde estive no ano passado, num bairro problemático do Porto, onde o presidente tinha um "pulso firme" para castigar aqueles alunos selvagens (deculpem a forte expressão... só quem dá aulas em escolas destas é que sabe avaliar). Se assim não fosse, ninguém conseguia entrar na escola com medo.
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Alerta: presidentes de pulso, precisam-se!

19 abril, 2008

De professora a instrutora

Pois é... a minha vida profissional não está fácil!
Fui nomeada instrutora de um procedimento disciplinar na semana passada e, graças a isso, quase não tenho tempo para preparar as minhas aulas, muito menos para actualizar o blog.
O procedimento disciplinar foi instaurado a um aluno da Direcção de Turma que eu "herdei" há pouco tempo. Como se não bastassem os problemas disciplinares, de assiduidade e de pontualidade que tenho de resolver diariamente como Directora de Turma, agora também sou instrutora!
Para quem não sabe, o instrutor tem de fazer as audiências dos interessados na matéria (eu já fiz 7!), elaborando uma acta de cada audiência, e fazer o relatório final. Os alunos menores só podem ser ouvidos na presença do seu Encarregado de Educação e, como tal, tive de fazer as convocatórias necessárias e ainda ter de ouvir coisas como: "Ah, hoje não me dá jeito, só amanhã", vindo de pessoas que não trabalham. Cheguei a sair da escola às 21h!
Terminei agora o relatório final, ufa! Estou mesmo FARTA disto! Tenho passado horas a fio na escola!
Mas não é só! Depois de se ter iniciado o procedimento disciplinar o aluno já foi alvo de mais participações e outros alunos da turma também!
SOCORRO!

08 abril, 2008

O pedido de desculpas

A D.T. do P. encontrou-me hoje na sala de professores e veio contar-me que ontem teve a reunião com os E.E. para entrega das fichas individuais de avaliação do 2º período. Aproveitou a presença dos pais do P. (estiveram presentes os dois) e mostrou-lhes a participação disciplinar que eu fiz do P. na sequência do que contei aqui no post anterior. "A mãe nem queria acreditar" disse-me a minha colega, "até lhe vieram as lágrimas aos olhos! Fizeste muito bem em descrever as situação pormenorizadamente. O pai disse que ele de vez em quando se passa. A mãe vem cá hoje pedir-te desculpa à hora da aula".
Assim foi. A mãe do P., uma senhora muito humilde e educada, veio falar comigo pessoalmente e pedir-me desculpa pela atitude do filho, contando-me como lhe dá a educação e qual a repreensão que lhe deu ontem quando chegou a casa, depois da reunião com a Directora de Turma. Disse-me ainda que "o P. tem ordens para lhe pedir desculpa, a si e à turma, no início da aula, pela atitude que teve". As lágrimas assolaram os olhos da senhora novamente. Fiquei sem palavras. Acalmei a Sra., pedi-lhe para parar com as desculpas (repetiu-as imensas vezes) e disse-lhe que acredito que tenha sido um caso esporádico; um dia mau do P.
Realmente nunca sabemos que pais estão por detrás de um aluno indisciplinado. É raro haver pais destes.
Fui para a aula. O P. pediu-me desculpas à frente da turma e pediu desculpas também à turma pela sua atitude. Olhou para mim enquanto falava e olhou para a turma quando se dirigiu a aos colegas. Gostei da atitude. Espero não me enganar...

03 abril, 2008

Um regresso em "grande"

Cá estamos, de regresso a mais um período lectivo. O último.
Logo na 2ªf tive uma boa notícia: deixei o cargo temporário de Directora de Turma (daquela turma de pestinhas que referi no post anterior). Apesar de ter mais uma mudança de horário, desta vez foi para melhor (para variar um pouco). Continuo a ser o "tapa-buracos" da escola.
Na 3ªf aconteceu-me algo que já não me acontecia desde o ano passado naquela "bela" escola do Porto. Algo grave. Parecido, só o caso "Carolina Micaelis".
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Dei aula de E.A. (1 bloco de 90 minutos) a uma das turmas que me atribuíram a meio do ano e à qual lecciono apenas esta área curricular - uma turma de 7º ano. É uma turma grande e barulhenta. Tem alguns alunos hiperactivos e mal educados. A aula decorreu como habitualmente: enviei um aluno para a sala de estudo e zanguei-me e dei "sermões" algumas vezes ao longo da aula.
De seguida fui para um dos meus tempos de substituição. Estava eu e outra colega "de serviço". A funcionária abordou-nos e disse que precisava de 2 professoras uma para a turma 9ºY e outra para a turma 7ºX. Eu desabafei em voz alta "bolas, ainda agora acabei uma aula com o 7ºX". E a minha colega, simpática, responde-me: "então vou eu para essa turma, vai tu para o 9ºY". Eu, sendo professora da turma e conhecendo o seu comportamento, não me senti bem e voltei: "não, deixa estar, vou eu que já os conheço". E fui.
Os alunos continuam a ver as aulas de substituição como aulas de "empata". Os professores continuam a faltar sem deixar plano de aula. Fui recebida pela turma com um insistente: "vamos jogar futebol, vamos jogar futebol!". É claro que tive de lhes explicar mais uma vez que não podiam ir jogar futebol mas poderíamos fazer um jogo do conhecimento na sala de aula. Tiveram de acatar, embora contrafeitos. Sempre aos berros e em desordem, conseguiram perceber e iniciar o jogo.
Estes alunos não sabem estar. Falam todos ao mesmo tempo; aliás, berram. E ainda "refilam" quando são chamados à atenção. O P. insistia em gargalhadas estridentes e patéticas, em estar virado para trás, em dar palpites estúpidos e a rir-se quando eu o repreendia, não mudando de atitude. A determinada altura, vi o P. novamente virado para trás, deitado sobre as costas da cadeira e, já um pouco "passada", aproximei-me dele (que nem deu pela minha aproximação) e disse-lhe em tom baixo, calmo, mas "elucidativo": "se voltar a ter de te avisar será para te mandar para a sala de estudo". O P. levantou-se de repente, vociferando palavras grosseiras e mal educadas, pegou nas suas coisas e disse que "ia embora e já", precipitando-se na direcção da porta, deixando-me a "falar sozinha". Voltei-me e tentei impedi-lo de se dirigir para a porta. Senti o meu braço ser sacudido e ao mesmo tempo também o retirei. Dirigi-me então para a porta, atrás dele, dizendo-lhe bastante exaltada: "experimenta sair por essa porta sem a minha autorização que tu vais ver o processo disciplinar a que vais ficar sujeito!". Só esta ameaça o deteve. "Vá imediatamente para o seu lugar", disse-lhe. Chamei, então, a funcionária para o acompanhar à sala de estudo mas entretanto ouviu-se o toque de saída. Marquei falta disciplinar ao aluno e fiz participação à D.T. Referi na participação que exijo um pedido de desculpas do aluno em frente à turma. (ainda pensei no pedido de desculpas feito por escrito e assinado pelo pai, mas achei que talvez não tivesse muita sorte :) não concordam?
A tensão e estado de nervos com que fiquei fizeram-me tremer. Este alunos pensam mesmo que "isto é tudo deles".
Pensava que tinha deixado estas "cenas" na escola onde leccionei no ano passado. Estava enganada.
Estou a começar a concluir que isto está a virar epidemia.
Foi mais um regresso...

27 março, 2008

Depois da tempestade...

Estou de volta.
Depois de uma semana de atestado médico (em Fevereiro) por causa de uma faringite.
Depois de dar em louca com o trabalho e com a tese de mestrado.
Depois de ter entregue a tese no último minuto da última hora do último dia de Fevereiro.
Depois de mais alguns sustos com a minha saúde física (já nem falo na saúde psicológica).
Depois de me terem dado uma Direcção de Turma, cheia de problemas, na última semana de aulas do 2º período: com alunos a partirem vidros à pedrada, com alunos que são colocados na rua e depois disso mandam pedras para dentro da sala de aula, com alunos que levam balões de água para a aula para os rebentarem, com alunos que partem o material das funcionárias, com alunos, enfim... imagino que estejam a pensar que são uns selvagens; são mesmo! E fui eu quem, com os meus problemas todos, teve de os domar. Porque os pais se demitem dessa tarefa.
Depois de ter uma reunião de Conselho de Turma vergonhosa, na qual os colegas pouco fazem e cada vez menos querem fazer. (É por causa deles, e de outros como eles, que andamos a passar pelo que estamos a passar)
Depois de rever e corrigir a tese e depois de imprimir 7 novamente a contra-relógio.
Depois de uma grande tempestade.... tive o meu dia:
Fui usufruir, HOJE, da prenda de Natal (SIM, prenda de Natal! É triste, mas é real, só agora tive tempo para mim!) que recebi do meu namorado: meio dia num SPA :)
Foi maravilhoso, estava mesmo a precisar! Obrigada, meu querido! :*
Que saudades que eu tinha do blog :)

02 fevereiro, 2008

Um pouco de ânimo (ou não)

No meio de tanto trabalho, das reuniões por causa da avaliação de professores, da conseqente revolta de todos, do meu trabalho na tese... enfim, de algum desânimo, eis que vejo num placard da sala de professores um recorte de jornal com algumas palavras e frases sublinhadas a fluorescente:
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"Os portugueses confiam nos professores..."
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É claro que me aproximei logo e li o artigo do início ao fim, um pouco incrédula.
Ainda bem que confiam em nós, a avaliar por muitos casos que eu já vi nos poucos anos que dou aulas, imagino se não confiassem!...
Podem ler a notícia completa aqui, aqui ou aqui.
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15 janeiro, 2008

Fobia escolar

Num dos dias do final do 1º período uma colega, directora de uma turma do 5ºano, veio pedir-me para dar apoio a uma aluna da sua direcção de turma. Explicou-me que não é um apoio qualquer, a aluna tem fobia escolar. Respondi prontamente que estava disponível e logo me foi colocado no horário um bloco de 90min para o tal apoio.

Na altura lembrei-me que já tive um aluno com fobia escolar (foi meu aluno no 7ºano) e que não era muito diferente dos outros: era conversador e perturbador nas aulas. Lembro-me que nesse ano pensei que: "ou eu não sei o que é a fobia escolar ou o aluno não tem fobia escolar". Pois; na altura provavelmente já se tinha ido embora a fobia dele. Ainda bem!

A minha colega explicou-me que a Ana não vem às aulas há três anos, ou seja, é aluna do 5º ano pelo terceiro ano consecutivo. Quando veio para o 5ºano pela 1ª vez, na companhia da mãe, chorava desalmadamente, desmaiava, vomitava, enfim...
Hoje, depois de muitos esforços, já conseguem que a Ana entre na escola pelo seu próprio pé e sem a companhia da mãe. Não vem às aulas. Vem aos apoios: tem aulas com professores de áreas diferentes que lhe explicam a matéria e a ajudam a estudar. A Ana não tem dificuldades de aprendizagem, pelo contrário! Aulas com a turma nem pensar! Mas já conseguiu assistir a uma aula de Educação Física.
Disseram à Ana que ela tinha uma professora de ciências disponível para ela (EU). Não apareceu uma vez, duas, três. Conseguimos ser apresentadas. Engraçado, fiquei com a ideia que a Ana é super "normal" (desculpem a palavra mas não me ocorre outra, penso que me percebem). Ficou um pouco envergonhada quando me viu mas tinha um sorriso nos lábios. Eu não quis assustá-la, sorri, disse-lhe que ia gostar de ciências e combinei encontro para a hora marcada no horário.
A Ana ainda não apareceu; quando a Directora de Turma lhe liga a perguntar o que se passou tem sempre uma desculpa bastante razoável (tão razoável que eu já tinha desconfiado que era desculpa e a minha colega afirmava que não era).
Hoje voltou a não aparecer e eu própria liguei-lhe para casa às 9h. Ninguém atendeu. Certamente sabia quem era e não atendeu, opinaram as funcionárias. "Oh sô possora, não é de estranhar, o encontro com uma pessoa nova para ela é terrível, ela não consegue ultrapassar".
Queria tanto ajudar a miúda!...
Vamos tentar outra estratégia: encontro com uma professora com quem ela está habituada e eu apareço como por acaso.
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A fobia escolar é uma doença que se distingue dos vulgares medos. É mais intensa e prolongada no tempo e interfere com o quotidiano da criança e de toda a família. As crianças apresentam sintomas somáticos, como vómitos, diarreia, palpitações, dores diversas, perturbações do sono e da alimentação. Podem urinar na cama e chorar desalmadamente quando se aproxima a hora de ir para a escola, o fim das férias ou o final do fim-de-semana.
Para saber mais: podem ler aqui, aqui e aqui.

11 janeiro, 2008

1 semana = 2 sustos

Esta semana começou bem...

O primeiro susto ocorreu numa das minhas aulas de CFQ. Digo susto porque nunca me tinha acontecido; para os alunos foi uma aula emocionante.
Tinha acabado de preparar uma solução aquosa de cloreto de sódio e tinha-a colocado sobre a chama da lamparina (objectivo: fazer a evaporação do solvente). Para não perder tempo, ia colocar esta montagem para o lado (para preparar uma cromatografia) quando... PAF! A lamparina virou-se, o álcoool etílico desnaturado (desnaturado mesmo!) derramou-se sobre a mesa e umas belas labaredas surgiram sobre toda a superfície da mesa por onde o álcool se espalhou. Com a atrapalhação de afastar o frasco de álcool das chamas, virou-se o recipiente com a mistura de álccol e água que já tinha preparado para a cromatografia. Que bonito serviço! Nunca tal me tinha acontecido!
Os alunos, numa tentativa de ajudar, esqueceram as regras de segurança e começaram a soprar nas chamas! Imaginam o que aconteceu, não? Fizeram com que o líquido inflamável se espalhasse pelo resto da mesa com as chamas atrás.
Foi então que tive de chamar toda a minha calma (por dentro, a subir paredes) e disse: "Calma! Não sopres!!! O que é que eu ensinei?! Tu, vai buscar aquela manta".
"Tap tap tap" e as chamas apagaram-se. Não foi difícil. Foi apenas uma situação inesperada.
Meninos, as regras de segurança? Viram o que eu fiz? Afastei imediatamente o frasco do álcool. Temos de ter calma, não fazer a primeira coisa que nos vem à cabeça! Estão a ver? Os acidentes acontecem se não tivermos MUITO cuidado no trabalho de laboratório!"
A aula prosseguiu com alguma normalidade.
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Na aula seguinte, com o outro turno da turma:

Aluna: "Stôra, foi verdade que a mesa começou a arder na aula do outro turno?"
Eu: "Sim, foi."
Aluna: "E foi verdade que a Maria começou a guinchar?"
Eu (já com vontade de rir): "Sim, foi."
Aluna: "E a stôra estava calma?!"
Eu (triunfante e com vontade de rir): "Sim."
E nada mais se passou. Que bom! Consegui que tudo não passasse de um pequenino contratempo.
"Nem tudo o que parece é!" Que grandes actores que são os professores! :)
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Mal refeita do primeiro susto, cheguei a casa e liguei a TV. O que fiz eu!?!?
fui surpreendida por uns barulhos que pareciam de metralhadora misturados com estalos e pedras a cair! Ai meu Deus! Parecia que estava alguém no interior do aparelho a mandar pedras para o ecran!
Desliguei-a.
Voltei a ligá-la. O mesmo.
"Aqueles electrões estão zangados", pensei, "precisam de passar para a Terra". Desliguei a antena exterior e liguei a interior. Apareceu imagem! Boa! Estalos, só de vez em quando e muito pequenos. Óptimo!
No dia seguinte liguei o aparelho novamente e depois de alguns estalos... PUF de vez! Nem o LED dá luz!
Já a levei ao "Doutor"...

04 janeiro, 2008

Teve de ser...

Já vou a meio do 2º dia de aulas.
O regresso ao ritmo de aulas custa sempre. O trânsito; O ter de chegar a horas certinhas (1 minuto de atraso pode ser "a morte do artista"); As chatices; As papeladas; As inovações; Os prazos; Os berros dos miúdos... enfim... não estou a dar novidade nenhuma a quem é professor.
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E, para mim, mais uma mudança ZINHA no horário (nada a que eu já não esteja habituada).
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Bom início de aulas para todos!
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