Os últimos tempos da minha vida pessoal não têm sido fáceis. A vida prega-nos partidas duras. Caímos; levantamo-nos; caímos; levantamo-nos... até que chega uma altura em que nos questionamos se queremos levantarmo-nos de novo. Chegamos a pensar "mais vale ficar no chão pois assim não voltamos a cair".
Ao passar pela professorinha resolvi regressar aqui aos meus desabafos...
Tenho uma pergunta a ecoar na minha mente, que eu julgava ter deixado há muitos anos atrás:
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PORQUÊ? PORQUÊ? PORQUÊ? PORQUÊ? PORQUÊ? PORQUÊ?
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Não encontro resposta que me conforme.
Tenho saudades.
Quero um abraço dele; do meu herói.
Quero brincar com ele.
Quero chateá-lo.
Quero ouvi-lo incentivar-me vezes sem conta ""Agarra-te" ao mestrado; acaba-o, já falta pouco!"
Quero que ele me ajude a levantar quando eu cair.
Quero dar-lhe mais alegrias; muitas.
Quero vê-lo orgulhar-se de mim.
Eu tenho tanto orgulho nele!.......
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No meio do turbilhão de pensamentos que me vão na alma houve um regresso à minha vida profissional. Inevitável. Acima de tudo (?!) meu dever.
Para quem não sabe, quando alguém que amamos parte deste Mundo, dão-nos 5 dias para ficarmos bem. Exacto. Cinco dias (incluindo fim de semana) para "arrumar o assunto".
Ao fim de cinco dias agarramos na pasta, no dossier, nos livros e cadernos e rumamos ao trabalho.
Rumei à escola, prontíssima (?!) para enfrentar uma turma de quase 30 alunos, irrequietos, esboçar um sorriso, falar, explicar, raciocinar, expressar... Tudo como se nada tivesse acontecido na minha vida pessoal; tudo como se eu não estivesse toda amassada; como se eu não estivesse destroçada por dentro; tudo como se eu não estivesse com a cabeça à roda... Enfim, tudo como se eu realmente estivesse bem. O facto é que não estava. Atestado médico de alguns dias... mesmo assim regressei mal. Não adianta... tão depressa, não ficarei bem.
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Que outra profissão exige um esforço destes?!
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Quando estamos com dor de cabeça, desconcentrados, tristes e com vontade de chorar, enfim... péssimos, e temos de trabalhar, como resolvemos a situação? Como continuamos?
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Pensem comigo:
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Um médico - despacha o doente (eu disse um doente, não disse 30 ao mesmo tempo) o mais rápido possível e pede à sua secretária que não chame o próximo enquanto não se recompuser.
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Uma secretária (e qualquer outra profissão cujo trabalhador passe o dia sentado numa secretária) - pára, vai beber um chá, conversa com um colega que o anima, chora à vontade no WC ou onde bem entender e vai fazendo o seu trabalho sem ter nenhuma plateia a olhar para si.
Bom, não vou fazer uma reflexão exaustiva... pensem em muitas profissões e comparem com a nossa - professores.
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Nós, os professores, que fomos e continuamos a ser enxovalhados por aquela Sra. D. a quem atribuíram o cargo de Ministra, porque ela não vê. Acho que o único sentido que ela tem é o tacto - ela só sabe pisar. E faz questão que todos nos pisem; porque merecemos. Não fazemos nada nas escolas.
Nós não fazemos de pai, não fazemos de mãe, não fazemos de psicólogo, não fazemos de médico, não ajudamos quando, no fundo, precisamos de ser ajudados. Não.
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Eu gostava de saber, se ela "partisse" neste momento, se ia feliz pela sua obra.
A vida são dois dias. Devemos lutar para que, depois de partirmos, as pessoas nos continuem a lembrar pelas obras grandiosas que fizémos.
Gostava de saber se os seus filhos a iam chamar de heroína.
Não creio!